Maria de Magdala

Maria de Magdala ou Maria Madalena sempre fora uma mulher bela, atraente e sensual. Era filha de mãe italiana e pai grego. Os gregos cultuavam a beleza da poesia, da música, da dança, da escultura e da pintura. Maria de Magdala tinha sido criada e educada dentro desses princípios e estava muito distante da religião e dos costumes hebreus.

Aos 17 anos fica órfã e dona de grande fortuna. Escolhe viver numa das propriedades que herdara dos seus pais, na aldeia de Magdala. Jamais se preocupou em se informar, nem sequer por curiosidade, sob a forma de vida, leis e costumes do povo de Israel.

Maria de Magdala ouvira falar sobre o Rabi que andava pelas estradas da Galiléia e da Judéia. Casualmente O encontrou por algumas vezes antes da sua decisão de transformação.

Num desses encontros, Jesus dissera-lhe para “entrar no seu mundo interior e muitas bênçãos a inundariam”. Ela não compreendia o sentido dessas palavras; todavia, seu coração pressentia uma profunda mudança na sua vida. Aquele homem formoso e grave, possuidor da majestade de um rei e da austera virtude de um Profeta, de tal maneira a havia comovido que agora parecia desconhecer a si mesma.

Maria era poderosa e desejada, mas não era feliz. Vivera desdenhando o amor, ou seja, colocando-o num último lugar na sua vida, tomando-o como um jogo pueril de passa-tempo; deixando-se amar sem amar, apenas pelo agradável prazer de se sentir rodeada de atenções e de oferendas de corteses admiradores.

Sentiu a esperança renascer, ante a informação de que aquele Rabi convivia com os pecadores, os excluídos. Pensava: Se o jovem Messias havia curado a tantos, ela também poderia recuperar o viço, a vontade de viver e sorrir, de ser útil a si e ao mundo.

Numa noite, sabendo que Jesus se encontrava na casa de Simão, um fariseu, para lá se dirigiu. Corria com passos curtos, silenciosos e rápidos, como se ela mesma temesse perder a coragem ainda no último momento; ela subiu os degraus correndo, em direção a Jesus. Inclinou-se profundamente diante Dele, beijando-lhe os pés.

O macio véu que a envolvia quase totalmente, deslizou para baixo e uma abundância de cabelos de cor vermelho-dourado, caiu sobre o rosto dela. Chorava aos pés de Jesus e molhando-os com as suas lágrimas, enxugou-os com os seus cabelos, beijou e os ungiu com perfume.

As lágrimas corriam sem parar dos seus grandes olhos dirigidos para o Senhor, suplicantes. Jesus, virara-se de leve e compassivo baixou o olhar, dizendo-lhe:  “Mulher, os teus pecados estão perdoados; a tua fé salvou-te; vai-te em paz.”(Lucas, VII, 48)

Na manhã seguinte Magdala soube, pasmada, a notícia da conversão da pecadora. Distribuíra tudo quanto possuía e, com o estritamente necessário, iniciara nova vida.

As vozes da desonra e do despeito sussurravam que ela voltaria às noites de prazer, que enlouquecera, que sempre fora louca.

Ela juntou-se aos que seguiam o Mestre. Discreta, mais de uma vez, recebeu a bofetada da desconfiança. Sabia que não confiavam na sua renovação.

Quando Jesus caminhava só para o calvário, abandonado e negado pela maioria dos seus discípulos, lá estava Madalena, fazendo frutificar a sua dor com os seus exemplos de coragem e gratidão, fidelidade e amor. Exemplos que ela ofertou a humanidade de todos os tempos por dádiva soberana da sua luz. Daquela luz que ela acendeu no seu espírito, sob o amparo do Cristo, com esforço, renúncia e humildade.

Permaneceu junto do Mestre, abraçada à cruz,  até o Seu último suspiro, acompanhada por Maria de Nazareth e o Discípulo João.

No domingo de madrugada, indo ao túmulo, encontrou a pedra do sepulcro removida e viu o sudário e o véu com que Lhe haviam envolvido o corpo. Ela temeu que os judeus houvessem roubado o corpo de Jesus. A saudade, a infinita amargura dilacerava o seu peito. Maria chora.

Jesus não permite que se prolongue a angústia daquele coração. O Senhor se apresenta diante dela chamando-a pelo nome: Maria! Ainda sob o impacto da doçura daquela voz, Ela exclama feliz: “Raboni”, que quer dizer” o meu mestre”.  O Mestre estava ali, vivo, radioso!

Foi anunciar o fato aos discípulos, que não creram. Por que haveria Jesus de aparecer a ela, logo para ela? Somente Maria, a mãe d’Ele abraçou-a e pediu-lhe detalhes.

A vida renovada de Maria de Magdala começa aí. Submeteu-se, então, a muitos sacrifícios, trabalhando muito pela sua sobrevivência. Recusava as propostas de vida material mais tranquila, regada a facilidades que poderiam entorpecer-lhe o espírito já desperto para as claridades do amor verdadeiro.

Foi afastada das viagens de divulgação do Evangelho pelos discípulos, talvez por desaprovarem a sua postura livre demais para as mulheres do seu tempo, ou por recriminarem o uso que dera à sua liberdade no passado recente. Maria inicia o seu calvário de solidão e abandono. Os seus ideais renovados não agradavam aos amigos de ontem e os companheiros cristãos de hoje não confiavam na sua renovação.

O amor que cultivava na própria alma foi o grande mensageiro da alegria na vida atribulada dessa mulher que se fez benção para a humanidade inteira. O seu amor multiplicava-se na proporção que ela o dividia com os tristes e doentes do caminho. Sua alegria renascia nos sorrisos dos velhos, jovens e crianças atendidos por seu carinho.

Tendo registrado na alma a dor da rejeição social e familiar; havendo fixado no seu espírito a lembrança triste daqueles momentos de abandono e solidão, que sucederam à morte de Jesus, Maria de Magdala é tocada por imensa compaixão pelos leprosos.

Ali, junto aos leprosos que ela constituíra a sua família terrena, Maria de Magdala relembra Jesus diariamente, mantendo acesa a fé naqueles corações.

Fala de Jesus com tanto ardor que todos se sentem íntimos do coração do Mestre. A sua mais eloquente palavra era articulada, entretanto, pelo som quase inaudível das suas mãos ativas a cuidar das feridas que sangravam nos corpos e nas almas daquelas pobres criaturas.

E, quando o seu corpo começa a comunicar os primeiros sinais da doença, Maria de Magdala sabe que está chegando a hora do Grande Encontro com o Cristo. Madalena se despede da vida com o corpo tomado pela lepra. O Cristo a aguarda nos portais iluminados da vida verdadeira.

Maria de Magdala, aparece no Evangelho como resplandecente figura feminina a quem todos reverenciamos.

É o maior exemplo de amor e de transformação interior, porque era uma apaixonada pelos vícios e pela vida desregrada. Através da sua vontade e do seu esforço íntimo ela consegue deles se libertar.

Ela deixou a Terra, mas continua junto de todos nós, amparando-nos.

Dirige no Plano Espiritual um agrupamento de espíritos abnegados e dispostos a auxiliar criaturas desvalidas, entre estas mulheres sem família, que peregrinam sem lar na Terra, oferecendo-lhes condições para reconquistarem a dignidade feminina; libertam as mentes escravizadas no vício e no erro, elevando-as, para que se reencontrando a si mesmas, reencontrem o Criador.

Essa fraternidade recebe o nome de Fraternidade do Cálice. O seu emblema é um cálice estampado na túnica.

Supliquemos sempre à Mensageira da Luz, da Alegria e da vida, que o seu amor se compadeça de nós, humanos, nos momentos em que as trevas, a tristeza, parecem querer fazer morada em nós.

Renovemo-nos, pois, meditando na sábia reflexão de Emanuel: “Lembra-te de que não és tu quem espera pela Divina Luz. É a Divina Luz, força do céu ao teu lado, que permanece esperando por ti”.

Alguns relatos mediúnicos informam que Maria de Magdala ainda teve outras encarnações. A sua última encarnação como Madre Teresa de Ávila (Santa Teresa de Jesus, canonizada em 1622). Seu nome verdadeiro, Teresa de Cepeda Y Ahumada, reencarnou em Ávila, na Espanha, em 1515, falecendo em 1582. Teresa de Ávila foi uma mulher revolucionária para a sua época. Com aproximadamente 20 anos vai para o Convento da Encarnação. Não se conformou com o estilo de vida que encontrou no convento. Decidiu fazer a reforma da vida religiosa. Com muita vivacidade, espírito crítico, coragem e fé, fundou vários Carmelos.

Nos seus escritos, fala do que vive. Desperta os seus leitores para a aventura da intimidade com Deus. Em plena maturidade, próximo aos 50 anos, escreveu o livro da Vida. Depois escreveu vários outros considerados pela crítica como sendo verdadeira pedagogia espiritual.

A sua grande lição é levar-nos a descobrir Deus dentro de nós. Foi declarada doutora da Igreja Universal por João Paulo VI, em 27 de setembro de 1970.

Santa Teresa de Jesus fala de Deus para todos os que dela se aproximam:

Nada te perturbe.
Nada te espante.
Tudo passa.
Deus não muda.
A paciência tudo alcança.
Quem a Deus tem Nada lhe falta.
Só Deus basta!

Pensamentos de Santa Tereza de Jesus

  • A oração é uma relação de amizade… estar muitas vezes a sós com quem sabemos que nos ama.
  • Para rezar bem o Pai-Nosso, fique perto do Mestre que ensinou, pois, Ele está bem próximo de cada um de nós.
  • Que os vossos pensamentos sejam sempre de muita coragem, pois disso depende que sejam as obras.
  • Deus não atende tanto à grandeza das obras como ao amor com que se fazem.
  • A humildade é andar, na verdade.

Bibliografia

“Evangelho Conversão e Cura” – Alcione Peixoto
“Primícias do Reino” – Divaldo Pereira Franco
“Harpas Eterna” – Josefa Rosalia Luque Alvarez
“Os Apóstolos de Jesus” – Graal
“O Instituto de Confraternização Universal e as Fraternidades do Espaço” – Martha Gallego Thomaz
“Perdôo-te” – Amália Domingo Soler
“O Redentor” – Edgard Armond